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entrevista: henrique iwao, música experimental e afins, não-música, afins


foto por beatriz goulart

henrique iwao é um artista de "música experimetal e afins", para usar suas próprias palavras. joga também com colagens sonoras e práticas-tags como "não-música". além de músico, é articulador de espaços: com mário del nunzio fundou, em são paulo, a casa ibrasotope e, com j.-p. caron criou o selo seminal records. depois dessa entrevista, a introdução é redundante. por email, conversamos sobre a obra dele, em especial três trabalhos: éter; o brasil não chega às oitavas e not as official an artist as cildo meirelles.

quero começar perguntando sobre o éter. no texto de éter 2 você apresenta uma constelação de conceitos. você se considera um artista conceitual? para você, o que é arte conceitual e como se relaciona com ela - de modo geral e, mais especificamente, no éter? iwao - não me considero um artista conceitual. eu acho que o luther blissett e a claire fontaine são artistas conceituais. mas eu sou um artista: eu trabalho com música experimental e afins. e o trabalho conceitual, bem como a filosofia, e às vezes coisas menos óbvias, como fazer fogueiras e chamar pessoas para queimar coisas (duo #09: potlatch!) ou então desidratar melancias (duo #05: desidratar uma melancia), fazem parte desse afins.

agora, pra dizer o que eu acho que é a arte conceitual eu teria de contar uma história, e citar obras e nomes etc. é que eu li muito wittgenstein e desconfio de definições conceituais desse tipo... pois é. vou falar de uma coisa relacionada, que não é exatamente "arte conceitual". é o papel que as pessoas podem dar à ideia de indiscernível. porque num teste cego em que um dispositivo toca ou não éter ou éter 2, ou 13 horas de nada, não dá pra saber. eu acho isso interessante.

nota: após jogar uma tábua mobile em uma fogueira em sua última apresentação no ibrasotope (fotos aqui), iwao escreveu uma (bela) reflexão sobre o fogo.

os discos éter e éter 2 são "composições irmãs" e também têm relação com o vídeo 13 horas de nada e a proosição§6.4311. é uma ligação complementar? vem de um projeto geral maior ou as ideias surgiram independentemente? iwao - tem a ver com prosódias musicais, peças que são pequenas instruções verbais, que escrevo de vez em quando, desde 2002. não priorizei isso muito, mas tem, de 2002 uma peça, azpas2, que diz algo como "tocar uma música sem produzir nenhum som". eu tocava meio estilo shadow playing do cage uns prelúdios e fugas de bach, tentando fazer não sair nenhum som. não conseguia. lembro de em 2006 o gigante tocando umas coisas na bateria, tentando seguir as diretrizes de azpas2.

gosto de algumas coisas do christian wolff, do cage, da yoko ono (grapegruit) etc. agora, éter e éter 2 têm a ver também com um desejo de trabalhar formas já estabelecidas. a forma seria: obra de silêncio. isso já foi feito. no encarte eu cito algumas. às vezes, um sujeito quer retrabalhar sei lá, o choro. eu não.

éter (cd) é só silêncio, um "objeto nu", como menciona o texto de éter 2 (31 faixas também de silêncio). mas ao mesmo tempo o disco também foi lançado em cd, que é colocado no player para ser tocado. nisso não surge uma reafirmação da ideia de obra e da fronteira artista x espectador? no caso, a presença humana não seria silenciada, contrariando um dos interesses postos.

iwao - no cd (éter) existe apenas uma faixa de 74 minutos. então, o mostrador de tempo dos aparelhos tocadores mostraria quanto tempo passou de música. e você poderia acompanhar isso como uma não-ação (não tem som), como uma ação (tem não-som) ou então como falta de algo (não posso colocar outro cd porque só tenho um tocador e este já está ocupado). a coisa que eu não gostaria é de despertar uma escuta mais atenta, ou que faz você ouvir os sons do mundo como música. não é pra ser isso. por isso tem os textos, pra tentar conduzir os espectadores a não serem escutadores melhores.

sobre presença humana: tem presença humana demais. você vai num lugar e está marcado em tudo "humano", "humano", "humano". se o ser humano se preocupasse mais em produzir silêncio humano, isso já melhoria um pouco, porque o tipo de presença gerado com silêncio se desfaz. quando todo mundo está acostumado a agir, parar é a ação mais difícil de fazer.

éter 2, ele tem uma configuração visual que acho muito interessante: é ver o ritmo das faixas passando no player (especialmente no bandcamp). você já tinha isso em mente, faz parte do conceito? aproveitando: como você lida com a tecnologia dentro do seu trabalho de maneira geral?

iwao - sim, a ideia era mostrar que a série de fibonacci não fazia sentido em termos proporcionais, se desamparada (no silêncio). e usar essa série de modo não muito amigável a humanos (ela progride a partir do 1 ms, um segundo dividido por mil, e depois cresce de acordo com a série, 2, 3, 5, 8, 13 milisegundos etc).

tecnologia dito assim fica amplo demais. eu lido tentando resolver problemas originados geralmente em ideias e rascunhados no papel ou mentalmente. nem sempre eu consigo resolvê-los. antigamente eu tinha uma postura mais desbravadora. eu fuçava certas tecnologias e aos poucos algo ia surgindo desse convívio. por exemplo, as fotos da minha câmera antiga (eu preciso montar uma exposição com elas, já estão ficando velhinhas, são de 2010). ou o trabalho com luzes e dimmers, amplificando a corrente elétrica. ou as músicas do álbum música eletrônica 2004, explorando usos estranhos pra síntese fm, ou síntese por representação gráfica, ou certos efeitos que iam contra usos mais comuns de softwares etc.

na entrevista que fiz com yuri bruscky ele fala muito de mediação, diálogo e se coloca na posição um mediador. numa entrevista do keiji haino, ele fala passa algo semelhante dizendo que sua função como músico é algo como "amplificar a vontade própria de cada som". colocar o silêncio no disco ainda te faz um "criador" ou se estabelece (ou você busca) um outro tipo de relação? o título not as official an artist as cildo meireles é uma provocação nesse sentido? iwao - colocar silêncio é uma criação, não vejo porque não. e foi um trabalho. não acertei as coisas da primeira vez. não que tivesse de errar. tive de pesquisar pra fazer os textos, corrigi a coisa várias vezes etc. mas também, eu acho que você pode muito bem ser músico sem amplificar a vontade própria de cada som. mas se eu pudesse amplificar a vontade do "som sem variação de pressão", eu a amplificaria de modo a silenciar um monte de coisas no mundo. pra falar em imagens: televisões em locais públicos... como pode. eu não quero ver. mas é difícil não ver. as coisas piscam, mudam de cor e de forma. você acaba olhando. acho terrível. a mensagem que eu tiro disso é uma vitória do mundo sobre a sensibilidade. seja insensível, o mundo humano diz, nesses momentos.

not as official an artist as cildo meireles (meu plano de diminuir o tamanho do título das coisas nunca funcionou): no texto do encarte há uma história. e essa história é parte também do álbum. o título é uma provocação no sentido que ao trabalhar numa instituição grande, surgem problemas específicos. o cildo, ele conta num podcast, teve que pagar os direitos autorais para usar as músicas dos beatles como material pra sua obra liverbeatlespool. pra quem? pra advogados do michael jackson? não sei. mas veja, mesmo num conjunto de leis absurdas sobre direitos à obra intelectual existem dispositivos - uso razoáve / fair use - que permitem certos usos. aí, como é que eu poderia refazer, mas melhor, segundo minha apreciação, a obra do cildo? bom, do jeito que eu fiz. a ideia retrabalhada vem do cildo, e o material dos beatles. é uma dupla apropriação. mas não vejo nisso nada de muito polêmico ou especial. eu sou o criador disso. porque se não fosse, não seria (a obra não existiria, ou outra pessoa teria feito isso que fiz etc).

você descreve o not as official... como um disco de "não-música, musicológico". explica melhor isso.

iwao - é uma brincadeira séria. é que é possível explicar esse álbum como um procedimento. agora, eu fiz mestrado em musicologia na usp e tem maneiras de ouvir ou prestar atenção interessantes que envolvem esse tipo de atividade, "musicológica". por exemplo, você ouve meu álbum como se ele fosse um experimento: queremos comparar entre os materiais-álbuns, as sonoridades totais e decidimos que vamos perceber como as coisas acumulam e como elas saturam. escutando o experimento assim, dá pra perceber muitas coisas, de faixa a faixa. primeiro, as primeiras faixas são mono. mas, por exemplo, como o som do material let it be é diferente do resto, etc. é um pedido por uma escuta mais analítica e comparativa.

o que seria isso de "não-música" e em que sentido um músico pode executar não-música? é tocar outros objetos que não instrumentos musicais? não-música é uma tag, como o noise? não-música é, necessariamente, anti-musical? se o público sai de casa, vai a determinado local e assiste os músicos tocando ou não-tocando por certo tempo, não existe um show de música?

iwao - primeiro, eu uso sim não-música como tag. quando eu uso anti-musical eu quero dizer, "estou tentando ir contra características que eu considero musical". e assim, obviamente, fazendo música. nem sempre é fácil explicitar quais são essas características, mas às vezes esse esforço gera coisas interessantes. e depois de um tempo, começo a achar elas bacanas, bonitas, não tão truncadas (vão virando "música").

agora, não-música é diferente. se você parar pra ouvir a vizinha gritando com a filha dela porque ela não fez a lição de casa de matemática direito, isso nem porque você está escutando vira música. se você tocar ao piano uma redução schenkeriana, que é aquela técnica de deixar só as notas que delineam um tipo de estrutura harmônico-contrapontística, ou seja, de fazer um esqueleto de notas, então você toca. e o resultado não é música, é uma exemplificação da análise schenkeriana. mas em filosofia tem uma galera que diz que não-filosofia é algo que engloba a filosofia. não entendo o suficiente pra dizer se posso construir a ideia de não-música como englobando a música. provavelmente dá. mas eu uso como uma divisão do espaço em dois (p e ~p).

o que te levou a fazer "mais uma contribuição para o subgênero do 'tudo de uma só vez'? e aqui refaço: a tecnologia e a internet são interesses seus por que? iwao - eu acho bom trabalhar com formas e modos de fazer já dados. não que eu faça isso o tempo todo. não é isso. mas é legal olhar pra algo e entender como funciona e depois experimentar fazer um pouco daquilo. eu não preciso fazer muito. só um pouco. e depois ir pra outra coisa. talvez a gente volte a falar de como a minha música procura se reinventar na porosidade com as coisas que estão por aí. e então, eu vejo na internet: all at once, 10 hours, g-major, shred, musicless music video, stretched-versions e eu começo a desejar fazer isso também.

"quando todo mundo está acostumado a agir, parar é a ação mais difícil de fazer"

e quais as suas concepções acerca do "silêncio" e "ruído"? como você trata esses temas em seu trabalho? iwao - depende do contexto. mas eu quero comentar aquela famosa afirmação do merzow, de que música pop pra ele é ruído. o johannes kreidler, anos depois, vai trabalhar em cima disso e mostrar que músicas genéricas, que não são hits, são ruídos mais convenientes (no sentido schaefferiano) do que hits, aquele ruído de presença humana, no fundo do bar etc, no qual não corre o risco de você prestar atenção e cantar junto. tem isso na minha dissertação de mestrado sobre colagem musical.

a intenção do cildo meireles, no liverbeatlespool era de mostrar como a música dos beatles, conforme fosse acumulando, ia virando cacofonia, isto é, "ruído". ao contrário, eu considero os momentos em que dá pra entender qual música dos beatles está sendo pilhada, reapropriada, momentos de ruído indesejável. porque o interessante é quando elas acumulam, geram jogos defiltragem de atenção para o ouvinte. por isso eu disse que o álbum [versão] "redux" era a versão musical, porque não tem aqueles começos indesejáveis onde se ouve claramente "ruídos indesejáveis", ou seja, música pop. ademais eu gostaria de transformar o redux num vinil. não sei ainda como conseguir o dinheiro.

o noise tensiona/ levanta os limites de arte x vida, reinvidicando o ruído, o silêncio os sons do ambiente como parte da música. faço duas perguntas: enxerga o "noise" como uma proposição de transpor a distinção arte x vida? e essa transposição é uma questão que atravessa o seu trabalho? de que forma? iwao - a distinção arte e vida faz parte no sentido de que, embora eu considere importante certas distinções (eu gosto de ir em shows e exposições onde as pessoas param de falar - "a boca é o maior inimigo do homem" é o título de uma obra minha), eu acho importante encontrar porosidades, de certas maneiras. não vou defender isso como coisa abstrata. mesmo alguém que trabalha com notas musicais, construções inteiramente "da música e não da vida", acaba colocando vida dentro da música - de alguma forma, a coisa tem emoção, a juventude que vai vê-lo usa couro sintético porque são contra matar animais etc.

​de resto, eu tenho um número considerável de trabalhos com motivações vindas de irritações pessoais com o mundo. por exemplo, odiar vários fotógrafos em ambiente de shows (barulhentos, agitados e demasiado visíveis). por causa disso e dos flashes, acabei desenvolvendo uma espécie de fotofobia, já briguei com algumas pessoas por causa disso e tal. e na mesma época comecei a desenvolver alguns trabalhos com estrobos virados pro público. em p-blob vva, com o marcelo muniz, as luzes eram bonitas e controladas. no epilepsia, com o j.-p. caron, as luzes tem o objetivo de causar incômodo visual no público, de serem tão agressivas quanto o som. não sei se é uma relação causal. de qualquer modo, tenho que respirar fundo toda vez que num show vejo pessoas cheias de maquininhas de anti-presença.

outro exemplo: n'o brasil não chega às oitavas eu trabalho a partir da prática não-musical do panelaço. e a tentativa fracassada era "como eu posso reter essa não-musicalidade específica dentro de um formato que transforma a coisa em música". o meu trabalho com as coleções digitais (todas às vezes que a britney spears canta "baby" etc), tem a ver também com o mundo. porque britney é muito mais um fator intruso do mundo, do que algo da música. no final, acabei achando interessante o modo como a persona dela é explicitamente artificial.

o que são essas coleções digitais? estão online? iwao - é um álbum que eu comecei em 2007 e prometi pra alguém em 2009 e depois ano após ano até o presente. 85% está terminado. tem umas faixas ainda sujeitas a eternas correções / adições. silenci não entrará no álbum porque é parte de uma outra obra prometida/começada mas semi-abandonada.

penso sobre a música ter um certo "filtro moral", uma economia de sons que envolve diretamente não apenas noções estéticas do que é o belo e o que é arte, mas também faz parte de uma disputa de poder. aquilo que percebemos no ambiente. a partilha sensível, o recorte dos tempos e espaços, da palavra e do ruído. inclusive, rancière chega a definir política como aquilo que "ocupa-se do que se vê e do que se pode dizer sobre o que é visto, de quem tem competência para ver e qualidade para dizer, das propriedades do espaço e dos possíveis do tempo". qual sua opinião sobre?

iwao - caramba... não sei se saco dessa do "filtro moral". me explica melhor. e disputa de poder, mas qual disputa, onde? agora, sobre ambientes. eu sempre fui militante do que chamam de micropolítica - eu era da rádio muda, em campinas. eu, na universidade, ajudava a reorganizar os alunos para que formássemos comunidades de produtores de música (criamos o encun em 2003 por causa disso), e também tentava fazer coisas diferentes no centro acadêmico - um jornal com uma certa dose de loucura de artista - o quique (2002-5?). depois, teve organizar eventos em são paulo, e fundar o ibrasotope com o mário del nunzio (2007-12). depois em bh o miei, junto à ufmg (mas estando fora da universidade a relação foi muito difícil), a georgette zona muda, e as quartas de improviso (eu e matthias koole já fizemos 62), e as duas edições do bhnoise, a seminal records.

tudo isso são espaços, num sentido bem amplo, que permitem compartilhar e vivenciar "música experimental e afins", e então são fazer política no sentido do ranciére. ainda mais que se eu não me empenhasse muito com essa causa, se eu não fosse muito motivado a fomentar a música experimental, dificilmente essas coisas aconteceriam (por exemplo - quando existiu, o apoio institucional quase sempre foi muito turbulento, e quando existiu dinheiro a se ganhar, sempre foi bem menos do que o necessário pra pagar as contas, e não é exatamente algo que dá fama ou um grande reconhecimento artístico).

agora o outro lado. me parece que esse jeito de falar de política aproxima demais a micropolítica da macro. e isso me parece complicado, no seguinte sentido: para, por exemplo, retirar a necessidade ridícula de pedir ao ecad a permissão para tocar uma peça de sua própria autoria, é necessário um ator político; pra tentar mudar as leis de direitos autorais (dando prioridade para o domínio público e diminuindo o tempo de uso comercial das músicas), para mudar o modo como as pessoas tratam bagagens com instrumentos nos aviões, pra tentar diminuir a desigualdade absurda de ganhos dentro da "classe" etc. acho que talvez alguém consiga acomodar isso na definição de rancière. mas não me parece prático. e veja, existem n pessoas fazendo, compartilhando, comentando e vivendo o mashup musical. e isso não muda especificamente a legislação para facilitar a apropriação musical.

sobre a coisa da moral, me refiro a distinções como cultura x natureza (o latour chama de processo moderno de "purificação", que nega os fenômenos e objetos híbridos), e no caso da música essa ideia de música x barulho/ruído. o ruído é constituinte da música, parte de nossa paisagem sonora, de uma ecologia dos sons. mas há um estranhamento quando isso aparece na música. parece ser algo desorganizador, caótico. daí uma disputa simbólica do que é ou não considerado musical. numa edição da outros críticos há uma conversa interessante sobre paisagem sonora com marcelo campello e ele comenta:

"a discussão sobre paisagem sonora passa por uma questão de dominação mesmo. quem domina a paisagem sonora, domina o mundo. hoje em dia é o quê? a indústria automotiva, a construção civil, a indústria bélica. quem domina a paisagem sonora? não são os músicos. podem até serem os músicos da cadeia produtiva que for, mas não é a maioria dos músicos.nunca vai ter espaço pra todos os músicos nesse modelo de palco, megapalco e apresentações para milhares de pessoas".

iwao - entendi, é na onda de uma das minhas principais ladainhas então, porque a "nota" seria um dos símbolos do que eu chamo de "presença humana" (no mau sentido). a diferença entre minha posição é que eu tenho especial birra com o excesso de música "claramente música" no ambiente, embora, veja, eu mesmo agora estou ouvindo bach...

me parece existir uma certa rixa dentro do "noise", um embate entre o background mais "acadêmicos" ou "filosóficos" e o mais punk, diy. esse conflito existe?

iwao - eu não sou capaz de enxergar isso, não nos lugares que trabalhei, produzi shows ou toquei. parece tudo misturado. mesmo porque, se você pegar o "faça-você-mesmo". quem é que não está fazendo ele mesmo? e eu tenho a impressão que as pessoas mais acadêmicas estão todas preocupadas em circular fora da academia. ou seja, acho que não tem rixa. mas já li artigos que pareciam dar a entender que tem rixa. não consigo entender um motivo pra isso. acho que tem gente que gosta de semear a discórdia.

sobre o seminal records, como surgiu o selo? como você analisa o significado, o impacto de sua atuação política enquanto artista e como "curador" (?) do seminal?

iwao - algum dia a gente vai explicar melhor como surgiu. mas já tinha a ideia. eu comecei com a ideia de selo quando era do ibrasotope, em 2008. depois que eu sai ficamos eu e a galera enrolando. quando chegou a copa do mundo me apareceu a ideia pr'o brasil não chega às oitavas. aí fui lá e fiz, abri uma conta no archive e depois no bandcamp.

eu não analiso. ah, e pode dizer curador mesmo. agora, a seminal me deixa muito feliz, me proporciona escutas maravilhosas e me faz pensar bastante. antigamente (com excessões é claro, tinha o antena, o menthe de chat) parecia que você ia em / organizava shows e curtia, mas quando voltava pra casa, ouvia álbuns de artistas que estavam longe, que publicavam longe. hoje, com um tanto de selos, isso mudou. ademais, algumas pessoas tiveram a percepção que ouvir um álbum era mais empolgante do que ouvir faixas esparsas nos myspaces e soundclouds da vida.

por fim, acho intrigante a distinção entre artista sonoro e músico. como você enxerga?

iwao - são especialidades. eu costumo trabalhar mais como músico do que como artista sonoro. minha visão sobre isso é parecida com a que tenho sobre a utilização do termo noise. quando eu acho que está numa categoria, eu aplico-a, porque acho que pode servir como ponto de referência útil a alguém que não está tão familiarizado com as obras, ações e eventos.

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